domingo, 23 de novembro de 2008

Meu Caldeirão

Está a acabar. São as nossas duas ultimas semanas no Rio de Janeiro - se bem que no fim da viagem ainda passamos aqui uns dias - e por isso temos aproveitado ao máximo. As noites têm sido mais que muitas e até altas horas. O Tomás já acabou as aulas e vai já embora na quinta-feira. Os outros estão a acabar e algumas notas já sairam, notas essas que ajudam e bem a subir a média do curso!

Quinta-feira foi feriado e portanto quarta era dia de sair à noite. Depois de uma frequencia de Recursos Humanos, que fiz a pares com o Tomás, fomos para o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, no Centro, para ouvir o que Ministry of Sound tinha para oferecer... É dificil explicar por palavras aquela que foi uma das melhores noites desde que cá estamos. O espaço era um cubo de vidro mas que só se percebeu quando começou a amanhecer e os raios de sol começaram a fazer parte da festa. Os bares funcionavam as mil maravilhas. E o som... o som estava o melhor som de sempre! No fim da noite eu e o Tomás ainda fomos à mesa do DJ que nos confessou que a melhor discoteca onde já alguma vez meteu som foi o Lux. Ficam aqui pequenas amostras do que foi a noite.




O Campeonato Brasileiro de futebol está ao rubro. Faltam duas jornadas para o final do campeonato e o São Paulo na recta final ascendeu ao primeiro lugar e muito provavelmente vai-se sagrar campeão na próxima jornada. O Flamengo tem sempre uma pressão tão grande da enorme torcida que acaba por não conseguir jogar bem, se calhar nem para a Libertadores se qualifica (Qualificam-se os 4 primeiros). O Fluminense, depois de ter perdido a final da Libertadores nos penalties em casa, passou quase todo o campeonato na zona de rebaixamento e agora lá conseguiu ter umas vitorias e vai conseguir a manutenção. Em maus lençois está o Vasco! Esse clube histórico, fundado por portugueses há 110 anos, e por onde já passaram jogadores como o Romário, está abaixo da linha de água há jornadas sem conta e só um milagre pode mantê-lo na Serie A brasileira. Relembro que no Brasileirão deixem 4 equipas.

Hoje de manhã o cenário era o seguinte:
1º São Paulo 68 pts
2º Grêmio 66
3º Flamengo 63
4º Cruzeiro 61
5º Palmeiras 61
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15º Fluminense 40
16º Nautico 40
17º Figueirense 38
18º Vasco 37
19º Portuguesa 36
20º Ipatinga 34

Com os seguintes jogos programados:
Cruzeiro - Flamengo
Vasco - São Paulo
Palmeiras - Ipatinga
Vitoria - Gremio
Internacional - Fluminense

O cenário perfeito seria então o Vasco ganhar ao São Paulo em casa, o Flamengo ir ganhar fora ao Cruzeiro e o Gremio perder em Vitoria. Foi com este cenário que decidimos ir a São Januario apoiar o Vasco.

Chegados ao Estádio, num dia de inverno como se estivesse em Lisboa, sentimos uma grande proximidade com o nosso pais. A bandeira de Portugal está 365 dias por ano hasteada, junto ao placar, e um busto do descobridor Vasco da Gama está logo à entrada do Estádio. Pode-se tambem ler no hino do clube a importância de Portugal: "...Tu tens o nome de um heróico português, Vasco da Gama, a tua fama assim se fez... No futebol és o traço De união Brasil-Portugal". São Januario tem bem mais ambiente que o Maracanã. Isto acontece porque primeiro o Estádio é mais pequeno - o Caldeirão - e tambem porque está muito mais em cima do relvado. O Estádio é no meio duma favela, na Zona Norte, no bairro de São Cristovão mas em dias de jogo não há problema ir lá. Imaginem o Estádio do Restelo no meio duma favela, é o São Januário!












O Ribas foi convidado pelo tio para ir para a tribuna VIP e portanto não viu o jogo ao meu lado e do Diogo. Enquanto nós tinhamos adeptos com rostos com traços portugueses ao lado, o Ribas tinha nada mais nada menos que o Presidente do Vasco da Gama e o Vice Presidente a fazerem lhe companhia o jogo inteiro. O Vice Presidente largou qualquer tipo de formalidade e fez conversa o jogo todo. Eu e o Vilela estávamos a escassos metros do campo na segunda fila e tivemos que ver o jogo todo em pé como sempre aqui no Brasil. A torcida entrou em festa e não parou de cantar nos primeiros minutos, até ao São Paulo meter um golo de livre... Não percebo o Vasco. Jogam muito melhor que qualquer equipa que já vi jogar no Brasil, mas fartam-se de falhar golos!! Têm um jogador de metro e meio, canhoto, e pouco egoista que faz o jogo quase todo do Vasco e de certeza que não falta muito tempo para ir para a Europa.



O jogo acabou 2-1 para o São Paulo e o Vasco está praticamente condenado a descer de divisão. O Flamengo perdeu contra o Cruzeiro 3 - 2 e o Gremio levou 4 - 2 do Vitória. Quer isto dizer que só um milagre tira o campeonato ao São Paulo que apenas precisa de um ponto para ser campeão. Quanto ao Flamengo... ainda não foi passados 16 anos de espera que se sagraram campeões mas estiveram mais perto que nunca!

O tempo tem estado terrivel. Num destes 3 ultimos dias do Tomás no Rio vamos tentar ir a um dos "highlights" do Rio de Janeiro, a Pedra da Gávea. Vamos já arrumar a casa toda e deixá la como a encontrámos para reaver a caução. Como nunca tivemos empregada foi dificil gerir a casa e chegou mesmo a pontos que estava inhabitável! É que entretanto o Pedro tambem vai embora na quinta e só volta dia 7 ou 8, por isso eu e o Ribas já não o vemos mais. Dia 5 partimos para uma viagem de dois meses pela América Latina mas isso conto-vos mais em cima da hora. Chego dia 6 de Fevereiro a Lisboa!

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Niver

Para quem não sabe, segunda-feira fiz anos! Queria antes de começar a escrever o quer que seja agradecer a todos os que me deram os parabens... Passados quatro meses de já cá estar as saudades já apertam bastante.

O meu dia de anos não foi o que eu esperava antes de vir para cá. Primeiro contra, ser numa segunda-feira. Segundas-feira são sempre os dias mais parados do Rio de Janeiro e todos os bares fecham cedo. No entanto, comemoramos Domingo com uns bons chopps mas não até tarde pois quase todos tinhamos provas na segunda-feira.

Podia ter passado pela primeira vez os meus anos ao sol, na praia a beber cervejas, mas o que se passou foi um tipico dia de novembro. Veio uma frente fria do sul e as temperaturas cairam para ai 10 graus! Isto, quando no fim de semana as praias estavam cheias de cadeiras e guarda-sois. Adiante. Almocei com o meu pai, que veio cá passar os meus anos e ao qual agradeço muito a visita, e com o meu primo. Depois de almoço, tive que vir para casa porque tinha uma apresentação as 5 da tarde e uma prova as 7, e ainda não tinha visto nada.

É quando já estou em casa que começa um diluvio histórico no Rio de Janeiro. Chuva a cair sem parar e com uma pressão mais forte que a do nosso duche. Era impossivel sair à rua. O nivel das aguas nos canais subiu quase até transbordar, as ruas estavam completamente inundadas, as águas do mar batiam na estrada enquanto formavam mais ondas de 3 metros uma atrás da outra e pior que tudo... a nossa casa começou a inundar. Deixo aqui um video e umas fotografias da inundação na nossa lavandaria.




Sai de casa para ir dizer ao porteiro que estava com uma inundação em casa e que precisava de ajuda, pedido ao qual o porteiro respondeu com uma calma olimpica: "Ah, não tem problema não, o vizinho está com o mesmo problema. É só esperar que já passa..." E enquanto esperávamos caia mais água dentro de casa numa especie de Foz do Iguaçu caseira.

Atrasado para as aulas apanhei um taxi com o Vasco Martins. Chegámos às aulas depois de um transito caótico e das ruas estarem uma autentica piscina municipal. A apresentação correu muito bem e portanto agora já só faltava a prova. "Mas qual prova cara? Hoje tá de chuva, não há prova". Nem quisemos acreditar quando chegamos a sala de aula e ouvimos isto. Faltavam no máximo 4, 5 pessoas ao exame, mas como estava de chuva, não havia prova para ninguem. Isto porque o professor não estava para fazer uma prova para a maioria da aula naquele dia, e depois ter que fazer outra prova para os poucos que faltaram. Só no Brasil.

Acabámos o dia a ir todos jantar com o meu pai ao Sushi e ainda com o Federico Nigra que esteve cá de visita. Sempre boa companhia. Depois de jantar, seguimos todos para a coparia para comemorar as minhas duas décadas de existencia.

Obrigado a todos!

Deixo aqui tambem um video de duas pessoas que vivem conosco mas que nunca vos tinhamos apresentado. Estão cá há quatro meses, e pelo andar da coisa, ainda devem ficar mais uns dois anos...

sábado, 15 de novembro de 2008

A intoxicante Cidade de São Paulo

- "Você é Carioca?" - pergunta-me o taxista que me leva ao Aeroporto Santos Dummont no Rio de Janeiro.

- "Sou sim cara"

- "Pô então voce vai odiar aquela merda de cidade. Já lá fui 12 vezes e não consigo gostar daquela porra"

Entrei no avião com as palavras do taxista na cabeça. Será que São Paulo é assim tão mau como diz o taxista? Muita gente me garantiu que não, mas por outro lado, toda a gente me dizia que aquilo é uma claustrofobia sem igual.

Cheguei a São Paulo às 11 da manhã para me encontrar com o meu pai lá. São Paulo é uma cidade. Em São Paulo não se vêem favelas. São Paulo tem os melhores stands de carros do Brasil. São Paulo tem as melhores lojas do Brasil, entre as quais, Tommy, Volcom, Starbucks, Ralph Lauren, Rolex, Nike, Reebok, Adidas... São Paulo tem as mulheres mais bonitas por metro quadrado que já vi em qualquer cidade em que já tive. São Paulo tem pessoas com muito bom aspecto em todas as ruas. Em São Paulo não se vê crime nem se sente minimamente ameaçado. Em São Paulo um crime com pistola é considerado um escandalo e algo preparado com muitos meses de antecedencia. Em São Paulo muitos prédios, lojas e mesmo casas não têm grades à frente. São Paulo tem os melhores restaurantes do Brasil. Em São Paulo não há praia mas há parques para onde vai toda a gente. São Paulo é a maior cidade de lingua portuguesa do mundo e a maior cidade do Brasil. Em São Paulo vale a pena fazer-se a pergunta, "estou mesmo no Brasil?".

Pelas suas avenidas e ruas da maior classe possivel, São Paulo fez me lembrar muito Nova York. É nesta cidade cosmopolita que está concentrado todo o poderio financeiro do Brasil. Os Paulistas trabalham, não são como os Cariocas que arrastam tudo até à ultima da hora.

Esta ideia toda que tenho de São Paulo é, obviamente, porque andei nos melhores bairros e zonas da cidade. Mas mesmo assim, nunca pensei que São Paulo fosse assim.

Isto tudo estava a ser muito bonito até ir jantar a um dos melhores restaurantes da Cidade. Comeu-se muito bem, mas o resultado foi uma intoxicação alimentar que me tirou um dia de turismo em São Paulo para poder concluir a minha ideia que São Paulo é mesmo uma grande cidade.

Ponto negativo: o trânsito infernal. No dia em que lá estive, os carros com matriculas terminadas em 0 e 9, se não me engano, não podiam sair à rua para acalmar o trânsito.

Iria sem dúvida para São Paulo viver e trabalhar, mas em erasmus escolheria sempre o Rio, e vice-versa.

Por tudo isto, gostei muito de São Paulo e quero lá voltar. São Paulo não é o Brasil dos postais.

Senhor taxista, experimente ir lá uma 13ª vez, pode ser que goste, finalmente.

domingo, 9 de novembro de 2008

Vida nocturna no Rio de Janeiro

Algumas pessoas diziam-me antes de vir para cá que o Rio de Janeiro é mais o dia do que a noite. De facto, os dias aqui são sempre mexidos e é uma cidade cheia de vida. Milhares de pessoas passeiam todos os dias pelas calçadas ou relaxam no areal das diversas praias da cidade. No entanto, a animação não acaba ao fim da tarde e estes últimos dias foram prova disso mesmo. Vou apenas vos contar duas noites que tivemos este fim de semana que provam que o Rio de Janeiro não é só dia.

Recebemos duas visitas nestes ultimos dias. Um veio directamente de Vila Franca de Xira e dá pelo nome de Kiko Beirão da Veiga, o outro, um estudante em Buenos Aires chamado Manel Coimbra. Das 4 noites que tivemos seguidas, duas entraram para o topo, Booka Shade na Sexta-Feira e a festa da Osklen em plena Praia de Ipanema no Sábado.

Já tinhamos comprado os bilhetes para Booka Shade há algum tempo e não estávamos a espera do que se ia passar! Depois de uma pequena festa na nossa própria casa com bastantes portugueses seguimos para um espaço chamado Vivo Rio, onde milhares de pessoas se concentravam em frente a uma das melhores bandas electro da actualidade, Booka Shade.


Chegámos e conquistámos um espaço mesmo em frente ao palco. Para ajudar à festa, convidámos 5 garrafas de Vodka Absolut que nos fizeram companhia a noite toda. Enquanto uns estavam na zona VIP, outros eram expulsos da festa e ainda alguns levavam com garrafas de Absolut na cabeça e caiam para trás em pleno concerto. No fim da festa, todos se perderam e cada um chegou à sua hora. Mas a noite não ia acabar ali às 6 e meia, ainda vinha ai mais... Perdido na discoteca, olhei à minha volta e percebi que já não estava lá ninguem que eu conhecesse. Mas o maior problema não era esse, era o facto de na minha carteira não se encontrar um unico real, e apenas se encontrarem 10 pesos argentinos.




Entrei num taxi e pedi que me levasse a casa sabendo que eu não tinha um tostão. Até podia ter ido levantar dinheiro, mas áquela hora não dava para levantar dinheiro na maioria das caixas multibanco do Rio. Pedi ao taxista que viesse a minha casa e os meus amigos pagariam lhe o taxi. Ele seguiu-me, entrou numa casa toda suja, e ainda se deparou com um tipo a dançar sozinho no meio da sala. Antes disso, o Tomás tinha chegado a casa deparando-se com o Luis a dormir a porta de casa porque não tinha chave de casa. O pagamento do taxi depressa ficou para segundo plano pois o Tomás queria levar um sofá da sala para o meu quarto para dormir lá. Aproveitando o facto do taxista ser um armário de 2 metros por 2, pedimos ajuda para levar o sofá, acontecimento que apenas foi possivel depois do homem ter-nos partido grande parte das paredes. O chauffer de praça acabou por sair de casa, satisfeito e com o taxi pago.

Sabádo acordámos a pensar que noites como a de Sexta não se repetiam. Enganámo-nos e viria ai das melhores noites de sempre. Ao longo da semana, sempre que fomos para a praia, reparamos que estava a ser montada uma enorme tenda de madeira e com o tecto de palha perto do Posto 10. A tenda era nada mais nada menos que a apresentação da colecção verão 2009 da Osklen. Iria-se passar um desfile seguido duma enorme festa naquela mesma tenda. "Epá, temos que vir paqui hoje à noite quer queiramos quer não"

Vestimo-nos a rigor, chegámos a porta, uns toparam uns nomes na lista e outros usaram nomes emprestados, e lá entrámos por uma passadeira vermelha sempre acompanhada de palmeiras até ao local da festa. A descrição da festa é simples: Melhor som, comida, bar aberto e dezenas de modelos a passearem a toda a hora. Foi sem dúvida uma noite que entrou para a história! A meio da festa ainda deu tempo para ir beber umas cervejas à barraca da praia... Indiscritivel!


Enfim, isto são as noites que vamos tendo. Umas melhores que outras, mas, no Rio de Janeiro o que rende mesmo é ir aos inumeros festivais que se vão passando ou procurar estes eventos de marcas conhecidas.