segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Bajando la carretera de la muerte, La Paz, Bolivia

Depois de um Natal muito bem passado no imenso Lago Titicaca, seguimos para a capital da Bolivia, La Paz.

La Paz e uma cidade unica. A capital do pais mais pobre da America do Sul parece uma favela gigante vista de longe, mas de perto ate tem por onde se explorar. A confusao de carros, pessoas, vendedores ambulantes, tendas que vendem desde cadeados a tomadas, misturam-se com os interminaveis cabos que atravessam as ruas de uma ponta a outra e ainda com as casas de tijolos que nao so nao estao pintadas como estao todas por acabar. Ficamos impressionados com esta cidade unica, mas ao mesmo tempo adoramos.

Depois de almoco, um velho informa-me que estamos na epoca do temporal, epoca na qual chove 24h por dia. Partimos entao para um mercado para aproveitar os precos baratos que a Bolivia ja nos habituou. No mercado, a confusao ainda e maior e ainda estamos sempre inundados por um cheiro nauseabundo a Boliviano. Por fim, deitamo-nos cedo porque no dia seguinte era dia de descer a estrada da morte, ou estrada mais perigosa do mundo, a partir das 6 da manha.





A estrada mais perigosa do mundo deixou de ser transitada ha 2 anos porque fizeram uma estrada nova. Era considerada a estrada mais perigosa do mundo devido a ser demasiado estreita e ter dois sentidos. A estrada nao tinha menos de 2,5m de largura mas tambem nao chegava a passar os 4m, o que torna fisicamente impossivel o cruzamento de dois camioes. Felizmente, o bom senso obrigou a que se fizesse uma nova estrada.

Optamos por descer a estrada mais perigosa do mundo de bicicleta. No final do tour, estava prometida uma t-shirt a dizer que tinhamos sobrevivido a tal estrada. A descida foi de 64km e demoramos cerca de 4h30. A primeira hora foi sobre asfalto mas nao se via um palmo a frente. Depois, foi passar para uma estrada de terra e foi sempre a descer desde 4700m ate 1100. A estrada e de facto um perigo para carros, mas para bicicletas com travoes de disco ate se faz bem. Assustor era o facto de a medida que iamos descendo estarmos sempre acompanhados de dezenas e dezenas de cruzes com nomes e datas de pessoas que ja tinham ali perdido a vida. Segundo nos contaram, todos os anos morriam em media 100 pessoas devido aos cruzamentos entre carros e camioes. E por isto que e chamada a "carretera de la muerte", devido a sua enorme taxa de mortalidade.

Felizmente chegamos bem e nem nunca estivemos perto de ir ravina abaixo! O guia disse-nos que fomos um grupo bastante rapido mas sempre seguro. Recomendo vivamente descer esta estrada, mas ao mesmo tempo nao recomendo que vao para la fazer corridas! So nos faltava receber a t-shirt...

Depois de almocarmos em Coroico, terra onde termina a estrada da morte, entramos na carrinha para fazermos 4h de viagem ate La Paz. Achavamos que a aventura ja tinha terminado ate vermos o condutor voltar por um sitio que nos parecia familiar... Voltamos mesmo pela estrada da morte. Mandamos logo todos vir com o condutor e a dizer que aquilo nao estava no programa! Nao havia nada a fazer, iamos mesmo voltar por ali, e estava finalmente encontrada a razao para nao nos terem dado logo as t-shirts. Voltar de carro e assustador. Olhar pela janela, ver 400m de ravina e nao ver um unico centimetro a separar-nos da berma, tudo isso nos fazia pensar no que estavamos a fazer... Brincar com a vida! Para ajudar a festa, vinham carros do outro lado e ainda ultrapassavamos alguns camioes.

Enfim, correu tudo bem e fazer de bicicleta e inesquecivel. De carro, never again. No nosso ultimo dia em La Paz, aproveitamos para ir almocar ao Hotel Ritz La Paz por menos de 5 euros.

Agora, e depois de apanharmos um autocarro totalmente sobrelotado, chegamos a Uyuni onde vamos comecar um tour de 3 dias de jeep desde Uyuni ate San Pedro de Atacama no Chile. O fim de ano vai ser passado em pleno deserto.

Ate para o ano!

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Rumo a Machu Picchu

Quando decidimos fazer 5 dias de caminhada até ao Machu Picchu não sabiamos no que nos tinhamos metido.

Saimos as 5 da manhã de autocarro em direcçao a uma pequena aldeia que dava pelo nome de Mollepata. Nessa mesma aldeia esperavam-nos Nestor, Thomaz e Cristobal. Nestor era o nosso guia, tinha 17 anos e nunca tinha ido até Machu Picchu. Thomaz, o nosso magnifico cozinheiro, tinha 40 anos, vários dentes de prata, e um pulmão de 20 anos. Cristobal era uma pessoa que nós contratamos para levar uma mula a mais com as nossas mochilas.

Mal saimos de Mollepata, Nestor começou a ficar para trás e tivemos que aturar o ritmo alucinante de um jovem de 40 anos chamado Thomaz. Esse mesmo, que por ele andava 4 horas seguidas, a subir e descer montanhas, sem parar, ainda nos criticou pela nossa má forma fisica. Quando chegamos ao almoço, sob um frio de morte, perguntei-me a mim mesmo se valeria a pena tamanho esforço para chegar a Machu Picchu. Esta foi, para mim, a pergunta que mais vezes fiz durante os 5 dias de caminhada. A tarde do primeiro dia foi mais tranquila mas mesmo assim mal chegamos ao acampamento mandamo-nos logo todos para dentro das tendas para dormir. O sitio do primeiro acampamento era um descampado rodeado de neve no topo das montanhas. A noite foi muito mal dormida devido ao frio, cansaço e tambem devido ao facto de a meio da noite um cão ter chocado contra a nossa cabana a altissima velocidade. Na manhã seguinte, revoltados com a noite que tinha passado, pusemo-nos a caminhar para aquele que seria sem qualquer duvida o dia mais dificil em termos fisicos das nossas vidas. Foram 9h30 a andar, passando por 4600m de altura, chuvas, lama, subidas interminaveis e descidas com calhaus que nos faziam escorregar a toda a hora, etc... Foi o pior dia da minha vida em termos fisicos. Apesar de ter passado pela cabeça de todos chamar mais mulas para nos levarem, "desistir", ou por e simplesmente acampar onde estivessemos esgotados, tudo isto nao passavam de pensamentos de revolta com o trilho. É que aquilo que era suposto ser um passeio até Machu Picchu, depressa se tornou num desafio enorme. No final do dia, a recompensa de dormirmos num jardim, com uma vista espectacular, de uma pequena familia perdida no meio dos andes.




Desta vez dormimos melhor, mas acordamos com uma chuva que nos acompanhou o dia todo. Tomamos o pequeno-almoço no terraço da tal familia, que estava de saida. Perguntamos a um dos miudos para onde iam àquela hora e com tanta chuva. "Vamos a una fiesta!" - diz-me um miudo com cerca de 7 anos. Descobrimos então que a tal festa a que iam era a festa de inauguraçao de agua potavel na região. A agua potavel encontra-se agora a apenas 1 hora a pé de casa deles.

Seguimos caminho para mais uma manhã de caminhada, desta vez rumo a Santa Teresa. A melhor novidade do dia era que so iamos caminhar durante a manhã. Sentimo-nos como miudos com tarde livre! Depois de uma manhã de caminhada em que pusemos, literalmente, varias vezes a pata na poça, chegamos a Playa e depois apanhamos uma mini-van para Santa Teresa. Em Santa Teresa esperavam-nos umas águas termais enormes e muito bem organizadas e conservadas. Ninguem diria que estavamos no Perú. Por fim, a ultima noite em tendas, desta vez ao lado de um matadouro de vacas.

No quarto dia de caminhada acordamos debaixo de imenso calor. Fizemo-nos a estrada em mais uma manhã de caminhada. Nestor, o nosso "guia", já nao aguentava o nosso ritmo e pedia sempre para pararmos, pedido que não era correspondido. A meio do caminho avista-se uma pequena casa de Machu Picchu. Estavamos cada vez mais perto do objectivo e cada vez mais motivados a continuarmos a andar! Chegamos a Aguas Calientes estafados depois de 4 dias de caminhada, apesar de no 4º dia so termos andado uma manhã outra vez. 70km depois de sairmos de Mollepata, estavamos quase a cumprir o nosso objectivo...

Foi mesmo à chegada a Agua Calientes que se deu algo que sabiamos que poderia acontecer... Apareceram-nos as dinamarquesas a frente. Trombudas, mal dispostas, e interesseiras como sempre, dizem-nos que estão de saida para Nazca (boas noticias). And how was Machu Picchu?! Humm... it's ok... Epá não percebem que acabaram de ver uma das 7 maravilhas do mundo!!

A recompensa nesse dia foi dormirmos num quarto de hostel com casa de banho só para nós...

Chegou o dia-D! 4 da manhã estavamos em pé para começar a subir até Machu Picchu. A razão de se ter ido tão cedo foi para a arranjar bilhetes para WaynaPicchu, montanha que fica ao lado de Machu Picchu e à qual so podem subir 400 pessoas por dia. O ultimo dia revelou-se durissimo. Tinhamos que subir 400m em altura, tudo por escadas. Chegamos a Machu Picchu em 35 minutos quando deviamos ter demorado 1h - 1h30.

Machu Pichu é mesmo uma das 7 maravilhas do mundo. É incrivel a situação, a altura, a calma de toda a cidade. Apesar de tudo, os Incas eram um povo bastante atrasado. Viveram entre 1400 e 1500 e não sabiam nem ler nem escrever. Como não há registos escritos dos Incas, tudo o que envolve esta cultura é um bocado mistério. Cada guia diz a sua coisa. Tanto viviam 3000 pessoas em Machu Picchu, como viviam 500. A meio da manhã subimos a WaynaPicchu donde se tem uma vista incrivel para a Cidade Perdida. Ficamos o dia todo em Machu Picchu. Ninguem se cansa de olhar para aquela cidade, aquelas montanhas! É mesmo inacreditavel.

A nossa estadia no Perú acaba com uma visita de um dia inteiro ao Valle Sagrado. Mais um dia de várias caminhadas a ver mais ruinas Incas. Mas, depois de ter visto Machu Picchu, aquelas ruinas já não me impressionavam tanto.

O Natal foi passado num Hotel á séria no Lago Titicaca na Bolivia! Estou agora de saida para La Paz, capital da Bolivia.

Bom Natal!

Cuzco



Meter fotografias não é facil e demora muito tempo, coisa que não abunda numa viagem destas. Quando tiver mais tempo livre, tento meter mais fotografias da caminhada, de Machu Pichu e tambem do nosso Natal no Titicaca!

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Trujillo - Lima - Huacachina e Nazca

Os tempos mortos numa viagem como esta sao poucos ou nenhuns. As vindas aos cybercafés sao essencialmente para ler e enviar emails, principalmente para informar a minha familia do meu paradeiro! Estou neste momento no maior ou num dos maiores highlights da viagem, Cuzco - entenda-se Machu Pichu.
A viagem tem sido uma loucura. Nao houve um dia que fosse mau, um dia que me tivesse divertido menos, um dia em que nao tivesse acontecido alguma peripecia.

Saimos de Mancora e fomos passar um dia a Trujillo para comecar a ver "pedras". As tais dinamarquesas que falava que tinham vindo conosco para Mancora reveleram-se umas interesseiras e vieram conosco até Trujillo onde confessaram que adoravam estar conosco por nós tratarmos de tudo e falarmos espanhol. Uma arrogancia que nao nos agradou e para que elas parassem de vir conosco, tinhamos que as despistar. Saimos do autocarro em Trujillo e apareceu-nos um homem com uma camisa tropical e oculos escuros a perguntar se queriamos ir para Huanchaco, um sitio a 12km de Trujillo que é preferido pelos backpackers. Quem falou com o Lucho foi o Costa e a primeira vista nao parecia inspirar grande confianca.

Seguimos com o Lucho a caminho de Huanchaco e as dinamarquesas noutro taxi atrás de nós. "Lucho, tienes que perder el carro que viene atrás de nosotros!!". Era a nossa estrategia, despista-las a caminho de Huanchaco e depois escolher outro hostel diferente do delas. O Lucho nao fez mais nada e a meio duma estrada manda uma guinada para uma bomba de gasolina. Dinamarquesas adeus!

Acabamos por chegar a conclusao que nao queriamos dormir em Huanchaco e que queriamos era visitar aquilo tudo num dia e depois sair a noite para Lima e dormir no autocarro, coisa que fazemos varias vezes para poupar em Hosteles. Negociamos com o Lucho um preco por hora e ficamos com ele o dia todo. Fomos visitar ruinas, tomar o pequeno almoco ao meio do mercado de Trujillo, almocar a um restaurante que ele conhecia e que era bem bom, e por fim o highlight do dia, a luta de galos!

Assistir a uma luta de galos é uma coisa unica. É legal no Peru estas lutas e existem em alguns bairros umas pequenas arenas onde centenas de pessoas assistem a 2 galos "a porrada". No entanto, o jogo é leal e tem várias regras:

- As lutas sao de 1 contra 1. O dono de cada galo da 100 soles ao arbitro ao principio e quem ganhar no fim fica com os 100 soles do outro.
- Se um galo perder antes do primeiro minuto, o dono do galo vencedor é candidato a um premio de 2000 soles.
- Multiplas apostas fazem-se entre as pessoas da plateia. Lucho chegou mesmo a conseguir um saldo positivo de 3 soles (1 dolar).
- As lutas duram 8 minutos.
- Cada galo tem 1 espigao na parte de tras de cada pata e quando espeta um espigao no outro, a luta é interrompida para que os galos se "desunam"
- Por fim, se um galo foge do outro antes dos 3 minutos, é considerado empate e ninguem ganha.

Isto tudo num ambiente muito amigavel. O unico de nós que apostou foi o Fernando que apostou no unico galo que morreu das mais de 15 lutas que vimos. Os galos que morrem, vao directos para a grelha. Isto tudo é macabro e uma coisa de 3o mundo mas vale a pena ver.

O dia em Trujillo valeu mesmo pelo que nos rimos com o Lucho. As suas perigosas conducoes, as vezes em que raspava com o carro em baixo e ria-se e ainda o seu kit anti-carjacking. Contou-nos mesmo que uma vez roubaram-lhe o carro e devido ao seu kit, conseguiu recupera-lo. Obvio que quando nos fez a demonstracao do aparelho... nao funcionou.

Apanhamos a noite um autocarro para Lima onde apenas vimos o centro da cidade de manha e seguimos directos para Huacachina, um bocado tiro no escuro. Huacachina é um oasis no meio do deserto. Nao fazia ideia que havia um deserto tao interminavel de areia e dunas no sul do Peru. Foram 2 noites e 2 dias bem passados a andar de buggy pelo deserto, com outro Lucho maluco a guiar pelas dunas, e a fazer sandboarding o dia todo. Sandboarding e uma modalidade que esta mal aproveitada e que tem muito para se desenvolver pois e uma verdadeira loucura.

É impressionante a imensidao de um deserto de areia. Recomendo a toda a gente que venha viajar ao Peru que passe em Huacachina 2 dias e que nao perca o tour de buggy, apesar do Lonely Planet dizer que é "completely unsafe".
Por fim, ontem de manha saimos para Nazca onde tinhamos reservado o voo de 35 minutos de aviao por cima das figuras. E impressionante as figuras. Um fenomeno incrivel. Ha linhas e figuras que estao lá ha mais de 2300 anos. O voo de aviao e imperdivel para quem quer ver e perceber como e que sao as linhas. Uma avioneta que manda bastantes solavancos mas que se faz bem. Tenho a certeza que muitos elementos mais velhos da minha familia nunca fariam aquele voo devido aos enjoos... Eu proprio nao estava seguro de mim mesmo quanto ao meu futuro! As minhas figuras preferidas foram sem duvida o Macaco, o Astraunauta e ainda o enorme Alcatraz. O fenomeno das linhas e impressionante e a sua preservacao so e possivel devido ao facto de em Nazca apenas chover 30 minutos por ano.

Agora encontro-me em Cuzco a mais de 3 mil metros de altitude. Amanha vamos comecar um trilho alternativo ao trilho Inca. Serao 4 noites de acampamento e 5 dias a andar até chegar a Machu Pichu dia 22. O trilho que vamos fazer chama-se Salkantay e nao e o trilho mais conhecido dos Incas. O principal trilho precisa de uma reserva com meses de antecedencia e tambem de uma carteira bem recheada.

PS: Quando tiver mais tempo outra vez, volto a meter mais fotografias. As que estao sao do google!

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

10 dias de viagem em fotografias

ECUADOR

Quito


Montañita












Guayaquil



PERÚ

Mancora





Trujillo

Huanchaco

Luta de galos - Trujillo


Lima


E neste momento estamos ainda mais a sul no Peru, em Huacachina. Depois meto fotografias, mas se quiserem ter uma ideia, podem ir a este link: http://images.google.com/images?hl=pt-PT&q=huacachina&lr=&um=1&ie=UTF-8&sa=N&tab=wi. Decidimos vir para aqui um bocado do nada e revelou-se um "highlight".


Em breve, relatarei o que foi o nosso incrivel dia em Trujillo na companhia de Lucho e ainda este oasis no sul do Perú.



Para saberem mais, vejam tambem em www.losbuenosenaires.blogspot.com que sao os relatos do Francisco Patricio e do Federico Nigra!