quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Rumo a Machu Picchu

Quando decidimos fazer 5 dias de caminhada até ao Machu Picchu não sabiamos no que nos tinhamos metido.

Saimos as 5 da manhã de autocarro em direcçao a uma pequena aldeia que dava pelo nome de Mollepata. Nessa mesma aldeia esperavam-nos Nestor, Thomaz e Cristobal. Nestor era o nosso guia, tinha 17 anos e nunca tinha ido até Machu Picchu. Thomaz, o nosso magnifico cozinheiro, tinha 40 anos, vários dentes de prata, e um pulmão de 20 anos. Cristobal era uma pessoa que nós contratamos para levar uma mula a mais com as nossas mochilas.

Mal saimos de Mollepata, Nestor começou a ficar para trás e tivemos que aturar o ritmo alucinante de um jovem de 40 anos chamado Thomaz. Esse mesmo, que por ele andava 4 horas seguidas, a subir e descer montanhas, sem parar, ainda nos criticou pela nossa má forma fisica. Quando chegamos ao almoço, sob um frio de morte, perguntei-me a mim mesmo se valeria a pena tamanho esforço para chegar a Machu Picchu. Esta foi, para mim, a pergunta que mais vezes fiz durante os 5 dias de caminhada. A tarde do primeiro dia foi mais tranquila mas mesmo assim mal chegamos ao acampamento mandamo-nos logo todos para dentro das tendas para dormir. O sitio do primeiro acampamento era um descampado rodeado de neve no topo das montanhas. A noite foi muito mal dormida devido ao frio, cansaço e tambem devido ao facto de a meio da noite um cão ter chocado contra a nossa cabana a altissima velocidade. Na manhã seguinte, revoltados com a noite que tinha passado, pusemo-nos a caminhar para aquele que seria sem qualquer duvida o dia mais dificil em termos fisicos das nossas vidas. Foram 9h30 a andar, passando por 4600m de altura, chuvas, lama, subidas interminaveis e descidas com calhaus que nos faziam escorregar a toda a hora, etc... Foi o pior dia da minha vida em termos fisicos. Apesar de ter passado pela cabeça de todos chamar mais mulas para nos levarem, "desistir", ou por e simplesmente acampar onde estivessemos esgotados, tudo isto nao passavam de pensamentos de revolta com o trilho. É que aquilo que era suposto ser um passeio até Machu Picchu, depressa se tornou num desafio enorme. No final do dia, a recompensa de dormirmos num jardim, com uma vista espectacular, de uma pequena familia perdida no meio dos andes.




Desta vez dormimos melhor, mas acordamos com uma chuva que nos acompanhou o dia todo. Tomamos o pequeno-almoço no terraço da tal familia, que estava de saida. Perguntamos a um dos miudos para onde iam àquela hora e com tanta chuva. "Vamos a una fiesta!" - diz-me um miudo com cerca de 7 anos. Descobrimos então que a tal festa a que iam era a festa de inauguraçao de agua potavel na região. A agua potavel encontra-se agora a apenas 1 hora a pé de casa deles.

Seguimos caminho para mais uma manhã de caminhada, desta vez rumo a Santa Teresa. A melhor novidade do dia era que so iamos caminhar durante a manhã. Sentimo-nos como miudos com tarde livre! Depois de uma manhã de caminhada em que pusemos, literalmente, varias vezes a pata na poça, chegamos a Playa e depois apanhamos uma mini-van para Santa Teresa. Em Santa Teresa esperavam-nos umas águas termais enormes e muito bem organizadas e conservadas. Ninguem diria que estavamos no Perú. Por fim, a ultima noite em tendas, desta vez ao lado de um matadouro de vacas.

No quarto dia de caminhada acordamos debaixo de imenso calor. Fizemo-nos a estrada em mais uma manhã de caminhada. Nestor, o nosso "guia", já nao aguentava o nosso ritmo e pedia sempre para pararmos, pedido que não era correspondido. A meio do caminho avista-se uma pequena casa de Machu Picchu. Estavamos cada vez mais perto do objectivo e cada vez mais motivados a continuarmos a andar! Chegamos a Aguas Calientes estafados depois de 4 dias de caminhada, apesar de no 4º dia so termos andado uma manhã outra vez. 70km depois de sairmos de Mollepata, estavamos quase a cumprir o nosso objectivo...

Foi mesmo à chegada a Agua Calientes que se deu algo que sabiamos que poderia acontecer... Apareceram-nos as dinamarquesas a frente. Trombudas, mal dispostas, e interesseiras como sempre, dizem-nos que estão de saida para Nazca (boas noticias). And how was Machu Picchu?! Humm... it's ok... Epá não percebem que acabaram de ver uma das 7 maravilhas do mundo!!

A recompensa nesse dia foi dormirmos num quarto de hostel com casa de banho só para nós...

Chegou o dia-D! 4 da manhã estavamos em pé para começar a subir até Machu Picchu. A razão de se ter ido tão cedo foi para a arranjar bilhetes para WaynaPicchu, montanha que fica ao lado de Machu Picchu e à qual so podem subir 400 pessoas por dia. O ultimo dia revelou-se durissimo. Tinhamos que subir 400m em altura, tudo por escadas. Chegamos a Machu Picchu em 35 minutos quando deviamos ter demorado 1h - 1h30.

Machu Pichu é mesmo uma das 7 maravilhas do mundo. É incrivel a situação, a altura, a calma de toda a cidade. Apesar de tudo, os Incas eram um povo bastante atrasado. Viveram entre 1400 e 1500 e não sabiam nem ler nem escrever. Como não há registos escritos dos Incas, tudo o que envolve esta cultura é um bocado mistério. Cada guia diz a sua coisa. Tanto viviam 3000 pessoas em Machu Picchu, como viviam 500. A meio da manhã subimos a WaynaPicchu donde se tem uma vista incrivel para a Cidade Perdida. Ficamos o dia todo em Machu Picchu. Ninguem se cansa de olhar para aquela cidade, aquelas montanhas! É mesmo inacreditavel.

A nossa estadia no Perú acaba com uma visita de um dia inteiro ao Valle Sagrado. Mais um dia de várias caminhadas a ver mais ruinas Incas. Mas, depois de ter visto Machu Picchu, aquelas ruinas já não me impressionavam tanto.

O Natal foi passado num Hotel á séria no Lago Titicaca na Bolivia! Estou agora de saida para La Paz, capital da Bolivia.

Bom Natal!

Cuzco



Meter fotografias não é facil e demora muito tempo, coisa que não abunda numa viagem destas. Quando tiver mais tempo livre, tento meter mais fotografias da caminhada, de Machu Pichu e tambem do nosso Natal no Titicaca!

1 comentário:

Lorena disse...

Sempre a sofrer... isso é que é preciso.

Assim dps dão mais valor às coisas.

Quero uma fotografia das meninas nórdicas...